Consumidor precisa ter cuidado com liquidações

Em meio a muitas ofertas, cresce risco de se endividar

    Mal terminaram as festas de fim de ano e o comércio já está se aquecendo com liquidações para atrair os mais diversos clientes. No meio de tantas ofertas, o risco de endividar-se é enorme. Logo, o consumidor deve estar preparado para não cair nas “falsas promoções”, segundo alerta a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). Dentre as dicas, a principal é não se empolgar com gastos desnecessários. “É preciso comparar os preços para avaliar se realmente vale a pena a oferta da queima de estoque anunciada. O consumidor precisa ver se o abatimento não é sobre preços inflados”, aconselhou a Proteste.
A presidente da Associação de Defesa da Cidadania e do Consumidor (Adecon), Rosana Grinberg, acrescenta que a atenção às compras também faz-se importante porque não é concedido o direito a trocas. “Às vezes, a pessoa vai em um local onde não há liquidação, mas o valor está em melhores condições”, frisou Rosana, dizendo que outra dica é fazer um “tour” pelas zonas comerciais para saber quais preços estão sendo superfaturados. Exigir a troca de vestimentas ou demais produtos que venham com defeitos é uma atitude assegurada ao comprador. Os prazos para reclamações são de 30 dias para produtos não duráveis e 90 dias para os duráveis.

Ontem, a reportagem da Folha visitou o Shopping Recife e pôde constatar que parte das lojas está adotando o sistema de promoções. E a estratégia, normalmente usada no mês de janeiro, tende a dar certo. Em busca de um calçado, o engenheiro florestal Marlúcio Marques, 37 anos, levou a mãe e a filha na Tenis One. “A primeira coisa que olhei foi a vitrine e o preço. É claro que com a liquidação fica mais interessante para comprar. Um sapato pelo qual eu pagaria R$ 260 está saindo por R$ 160”, contou, mostrando-se bastante satisfeito com a primeira aquisição nesta loja.

Para as consumidoras em potencial, como a universitária Tathiana Nogueira, 19, a liquidação termina atenuando as despesas que vão cair no bolso dos pais. Ela, que se diz assídua da Carmen Steffens, aproveitou o momento de abatimento nos valores. “Comprei brinco, bolsas, sapato, colar, pulseira. Mas economizei porque consegui 20% de desconto em cada bolsa”, comemorou.

“Sem dúvida, a liquidação influencia na hora de comprar. Eu costumo aproveitar esses períodos. Até acho que deveria se esticar mais essa temporada para os meses de fevereiro e março”, avaliou a professora Dilma Andrade, que comprou uma sandália por R$ 160 quando a previsão inicial estava em R$ 200. A gerente da Carmen Steffens, Irann Inô, contou que as vendas da loja aumentaram em mais de 100% desde a abertura das promoções, no último sábado.