Chuvas preocupam moradores de morros

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Janeiro tradicionalmente é um mês de sol. E a preocupação com as chuvas fortes e desabamentos no Recife fica para depois. Afinal, é verão. Mas as mudanças imprevisíveis do clima e a tragédia ocorrida em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, alarmaram várias famílias que moram em bairros da Zona Norte da capital. Ontem, com o dia nublado e chuvoso, o Diario percorreu altos e morros para conferir uma sugestão de pauta de internautas inscritos no Cidadão Repórter e as pessoas entrevistadas nesses locais apresentaram um pedido em comum: é preciso promover medidas preventivas antes do inverno contra desmoronamentos. Como diz a cidadã Clara Galvão, ninguém conhece mais o tempo. A qualquer momento, aliás, um pé d´água pode colocar várias vidas em risco.

A coordenadora da Defesa Civil, Nina Macário, informou que qualquer pessoa pode ligar para o 0800-0813400 e solicitar a instalação de lonas em área de risco. Mas a diarista Maria Josefa de Oliveira, 59 anos,frisou que a realidade não é bem essa. Ela contestou a funcionária da PCR e assegurou que a burocracia é grande para se conseguir o plástico protetor. Maria Josefa mora na ladeira do Alto 13 de Maio, no bairro do Vasco da Gama, e de lá também mostra o bairro de Nova Descoberta, nas imediações do Córrego do Beiju e da Barraca do Santa Cruz, onde várias casas estão construídas embaixo de barreiras sem qualquer vegetação, todas de barro puro.

A reportagem contou oito barreiras vulneráveis às chuvas fortes e sem qualquer ação da Prefeitura. Logo abaixo, residências. Muitas. "Já fui para umas mil reuniões na Prefeitura, solicitei lona, mas a burocracia é imensa. Primeiro, dizem que não têm lonas, depois, eles visitam sua casa e garantem que ela está segura. Mas a gente está morrendo de medo com essas chuvas fora de hora", desabafou Maria Josefa.

Numa rápida passagem pelo Alto 13 de Maio, é possível ver moradores consertando telhados e algumas barreiras já caídas no cômodo de uma casa da Rua Atapui, cujo acesso édifícil. Circulando mais um pouco e chegando na Avenida da Recuperação, no bairro da Guabiraba, há lonas rasgadas do inverno passado, comércios e casas ameaçadas por barreiras sem vegetação. A dona da Oficina 7 Estrelas, Verônica Maria de Freitas, declarou estar muito amedrontada. Ela contou que ligou para a Codecir no final do ano passado para que os técnicos renovassem a proteção, mas não recebeu retorno.

Para Verônica, a barreira que fica atrás do seu comércio ainda não caiu porque existe um resquício de cimento que a segura, embora esteja bem deteriorado pelo tempo. Em cima desse mesmo morro ainda há uma casa solitária construída e em risco. "Ligamos para a Codecir e eles informaram que não havia lona disponível. Estou com muito medo, porque estou dormindo na oficina nesses últimos dias. Na chuva dessa madrugada (ontem) não preguei os olhos", relatou.

Segundo a cidadã repórter Clara Galvão, "é preciso antecipar as medidas preventivas porque ninguém conhece mais o tempo". Nina Macário garantiu, contudo,que as ações do Programa Guarda-Chuva, criado em 21 de março de 2001, não cessam em momento algum. Ela declarou que a partir da 2ª quinzena de janeiro a Codecir vai aumentar a distribuição de lonas. Nina negou que a Defesa Civil tenha alegado falta de lonas, como contaram moradores de três bairros da Zona Norte do Recife. "Temos que observar o período mais adequado para distribuir lonas, porque fazer aplicação no período de sol intenso não adianta, porque ela se rasga. Mas, a partir da 2ª quinzena, vamos aumentar a distribuição. Em março, abril e maio a Defesa Civil ainda vai ampliar a cobertura", prometeu. "Espero que a Codecir não apareça tarde demais", pontuou o mecânico Josafá Soares da Silva, 38 anos, da oficina de molas Bom Jesus, na Guabiraba.

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